quarta-feira, 23 de maio de 2012


Optei

Se um dia eu caí.
Não foi por mera distração,
Eu quis a queda.
Se um dia eu chorei.
As lágrimas não só resultaram da dor,
Eu as desejei.
Se um dia eu gritei.
Não  por simples reflexo ou medo,
Eu soltei a minha voz.
Se um dia caminhei a esmo.
Não estava perdido,
Mas ansiava o desconhecido.
Se um dia eu não vi
Não foi por inobservância,
Eu idealizei a escuridão.
Se um dia eu matei
Não foi  um ímpeto insano, eu quis a morte.
Se um dia eu parti
Não foi por acaso, destino ou fuga,
Eu desejei a distância.
Se um dia eu vencer
Não será por sorte ou algo assim,
Eu sangrei pela vitória.
Se um dia eu amei
E amo até hoje tanto,
Não foi uma simples fraqueza qualquer,
Apenas não resistir aos encantos 
De uma Princesa-Mulher...

P. J.  Bacchini 
Poesia escrita em  março de 1983, por Paulo Jorge Bacchini. Nessa história fui a musa!!!



quarta-feira, 9 de maio de 2012

Mãe Coruja

Não resisti. Com um pouco de coragem, aproximei-me devagarzinho da sua  toca.  Queria saber por que a coruja atacava todas as pessoas que ali transitavam com seus cãezinhos. Foi então que os vi - tão pequeninos! Então era isso! Para ela, os cães que por ali passavam representavam uma ameaça. No mesmo instante ouvi um grito estridente. Era a coruja em seu voo silencioso e rasante que vinha em minha direção. Gelei! Foi então que lembrei que estava invadindo o habitat de uma mãe coruja! E mãe coruja, sabe como é!
Como nós somos tão parecidas com as corujas quando nos tornamos mães, não é mesmo? Como elas, ficamos com os  olhos ligados em nossos filhos o tempo todo. Normalmente observamos todos os seus movimentos, com nossa “visão de raio X”, sempre atentas a qualquer sinal de perigo e  pronta para voar  a  qualquer momento, se necessário,  para protegê-los. Pena que não tenhamos pescoço de coruja! Já pensou, 360 graus de rotação? Seria mais fácil para observar os pequeninos, já que dificilmente nossos filhos ficam quietos, sentadinhos em um lugar - eles normalmente “voam baixo” em uma festa.
Somos também parecidas com as corujas nas noites em que permanecemos acordadas. Dificilmente desfrutamos de uma noite inteira de descanso. Nas primeiras semanas de vida, por exemplo, é sempre necessário acordar para alimentá-los e até mesmo para vigiá-los.  Assim como as corujas, temos ótima audição e percebemos qualquer barulhinho vindo do berço.
Um pouco mais crescidos, continuamos a acordar durante a noite, sempre atentas aos seus movimentos, preocupadas se estão bem cobertos, se estão com frio,  ou calor, ou qualquer outra coisa. Já adultos, continuamos a  acordar durante a noite,  não dormimos tranquilamente enquanto não ouvimos o som da porta se abrindo e os passos no corredor. Até casados,  dependendo da situação,  perdemos o sono preocupados com eles.
As corujas costumam deixar seus filhotes livres para voar quando eles crescem. Já no nosso caso... bom, talvez seja esse um ponto em que nos diferenciamos das corujas, já que nem sempre estamos preparadas para o voo dos filhotes. Por isso acredito que não somos somente parecidas com a mãe coruja! Nós é que lançamos a ideia: somos as verdadeiras “mães corujas”                                                                        
                                                Nice Bacchini
  
   A todas as mães, corujas ou não, feliz Dia das Mães. Em especial para minha mãe que comemora também o seu aniversário 83º! Parabéns Mamãe! Parabéns Maria!


Crônica publicada, no dia 07/05/2012, no Jornal Regional Laranjeiras do Sul/PR